Globalização exaurida

Exclusiva

As recentes decisões comerciais internacionais para criação de taxas de importação diferenciadas entre países pode ser um indicador de que a globalização já não é mais confiável em termos de segurança nacional

A guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos, na realidade, demoliu e arrasou os conceitos criados pela globalização iniciada nos anos 90. A globalização preconizava, por teoria, que nem todo país precisaria fazer vultosos investimentos para produção de um determinado produto já produzido em outros países. Assim, ficou mais ou menos entendido que os países teriam grande escala para um determinado produto, que seria mais barato e competitivo e abasteceriam os outros países, num projeto onde não haveria grandes competições. Os países viveriam harmonicamente, fornecendo uns aos outros os produtos necessários a cada um em uma forma de comercialização ganha-ganha.

Nesse contexto, várias indústrias estabelecidas em países considerados desenvolvidos, que atendiam a demanda de seu próprio mercado, transferiram suas operações para países com mão de obra mais barata, exportando esses produtos de volta para atender a demanda no seu país de origem. Nesse aspecto, países asiáticos foram brindados com criação espontânea e qualificação de sua mão de obra barata, com transferência de tecnologia e grande resultado nas suas operações internacionais, propiciando-lhes crescimento sustentável durante vários anos.

Esse panorama, que a princípio seria de um comércio ganha-ganha ao longo de quase três décadas, proporcionou o desenvolvimento de grandes potências emergentes, provocando grande competição internacional, porém sustentado, em grande parte, pelas potências desenvolvidas economicamente.

Embora tenha sobrevivido à algumas crises internacionais, esse modelo infelizmente teve o desafio de enfrentar a maior crise global, com a pandemia de covid-19, que veio assombrar o mundo e mostrar que a globalização tinha um ponto fraco nesse elo de ganha-ganha. Bastava um deles se romper e toda a cadeia de suprimentos desmoronaria. A falta de componentes eletrônicos, de insumo base para produção de vacinas, entre tantos outros produtos, deixaram várias indústrias paralisadas, não importando onde estivessem instaladas, criando um sentimento de completa impotência para soluções de curto prazo.


Continua depois da publicidade


Nesse contexto, as recentes decisões comerciais internacionais para criação de taxas de importação diferenciadas entre países pode ser um indicador de que a globalização já não é mais confiável em termos de segurança nacional e de dependência entre eles. Essa desconfiança pode despertar ações para o retorno às condições anteriores, de que cada país tenha seu crescimento baseado em sua própria indústria e sua demanda, deflagrando um movimento global de cada um por si, criando um novo ciclo de comércio, onde os mais ágeis e competentes serão os mais beneficiados.

Não há como prever o que acontecerá em curto ou médio prazo.

Reindustrialização não se consegue em curto prazo, não é um produto de prateleira, e precisa de altos investimentos e consequentes financiamentos.

Decisões estão sendo pensadas pelos principais líderes mundiais, não só quanto a uma maior independência comercial global, como também e principalmente mitigar seus riscos de defesa nacional, se preparando para o imprevisível de grandes proporções.

Convivemos, aqui no Brasil, com um longo processo de desindustrialização e atraso tecnológico e, embora alguns esforços estejam sendo feitos através do Nova Indústria Brasil (NIB), os resultados ainda não refletem esse esforço, que não são somente de curto prazo, mas de estratégias principalmente de longo prazo, onde muitos investimentos ainda dependem de taxas de juros racionais para serem implementados.

Podemos imaginar os vultosos investimentos necessários para União Europeia e também nos Estados Unidos para recuperar toda sua independência comercial e econômica, o que certamente criará algumas oportunidades para terceiros países, detentores de capacidade tecnológica e competitividade global.

Além do sucesso tecnológico aplicado ao agronegócio, já deveríamos ter feito algum dever de casa, nos preparando para podermos ter oportunidades de participar dessa grande onda comercial global.

*Imagem de capa: Depositphotos.com

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.
Cemrio_brand_full_hrz_rgb

Carlos Eduardo Baptista

Presidente do Centro Empresarial das Indústrias Metalúrgicas do Município do Rio de Janeiro.

Indústria Metalmecânica - Rio de Janeiro

CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

O SINMETAL – Sindicato das Indústrias Metalúrgicas no Município do Rio de Janeiro foi fundado em 09 de setembro de 1937. Sua História é de glórias! Apesar das várias transformações vividas ao longo de sua existência, pode-se afirmar, pela leitura de seus arquivos, que é verdadeira fonte da História Industrial Brasileira e até hoje, mesmo diante dos momentos mais difíceis, das crises econômicas, políticas e sociais que o Brasil e o Rio de Janeiro sofreram, nestes 86 anos de sua existência, os princípios que nortearam a Entidade sempre foram os da transparência, da ética e de muita luta em busca de uma economia estável, da geração de renda e emprego, do crescimento industrial, do bem-estar social e do fortalecimento das empresas, independentemente do seu tamanho, faturamento ou condição econômica.

Em 2021 o SINMETAL criou o CEM RIO, um Comitê Empresarial referência para interação dos negócios no Rio de Janeiro, agindo como um fórum de discussões, sugestões e busca de soluções para o segmento.

Em 2022, o Comitê passou a ser considerado como um Centro Empresarial e o nome CEM RIO – CENTRO EMPRESARIAL DAS INDÚSTRIAS METALÚRGICAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO foi aprovado para constar do Estatuto da Entidade como seu nome de marca. Na prática, portanto, será conhecido como CEM RIO e dele poderão participar empresas metalúrgicas e outras que exerçam atividades afins ou com interesses similares, que desejarem participar do CEM RIO.

Assim todas as atividades sociais serão conduzidas pelo CEM RIO, um nome que nasceu forte, um Centro que reúne empresários com o objetivo principal de fortalecer as micros, pequenas, médias e grandes empresas.